domingo, abril 01, 2007

Diário da vida de um Estádio

Amanhã, Domingo dia 1 de Abril, irá decorrer o clássico Benfica (SLB; SLB; SLB;) – Porto (buuuuu!! Ladrões, gatunos buuuu) que vou ter oportunidade de assistir em plena Catedral (para os mais desatentos, estou a falar do local de culto de milhões de pessoas).

Os dias em que decorrem os clássicos na Catedral (Clássicos: Jogos onde o Benfica recebe os clubes mais fortes do grupo dos fracos) são fartos em emoções, amizade e convívio.

Para todos aqueles que ainda não tiveram oportunidade de visionar um jogo no estádio do Glorioso (sim, porque não vamos comparar a Catedral e certas capelinhas provincianas que existem, por exemplo, para os lados de Alvalade!) vou tentar descrever esse dia maravilhoso:

- De manhã o estádio organiza-se para receber os espectadores. A polícia monta o que denominam de “complexo dispositivo de segurança” para evitar problemas no “interior do recinto”. Por volta das 13.00 irão ser difundidas, nos diversos canais nacionais, entrevistas com a loura e competente Comissária Cruz (que, como sabemos, trabalha 24 sobre 24 horas)

- Também durante o período matutino começam a chegar magotes de autocarros provenientes dos mais diversos pontos do país, normalmente com cartazes tipo “Casa do Benfica de Vinhais”, onde o consumo de vinho tinto, salsichões e pão de centeio atinge níveis impensáveis.
Estacionam por norma junto ao Colombo, para onde os seus ocupantes vão ocupar as horas livres até ao jogo, tirando animadas fotografias em grupo junto à entrada principal do Centro Comercial para roer de inveja os amigos da terra. É normal visualizar diversos grupos a olhar para o tecto e de boca aberta a comentar “xajus, ixto é memo grande!! Inda dixiam que a igreija lá da terra era grande!!”.

- A partir da hora de almoço inicia-se a peregrinação até à Luz, sendo que por esta altura ainda são visíveis múltiplos farnéis espalhados pelos passeios adjacentes ao estádio. O cheiro a vinho tinto é de tal maneira intenso que, por vezes, a PSP necessita de utilizar máscaras especiais anti-alcool (excepto alguns elementos que aproveitam para se embebedar de borla!!).

As barracas de comes e bebes estão estrategicamente instaladas nos acessos ao recinto, munidas de vastos stocks de febras, entremeadas, couratos e barris de cerveja que transformam a bacia do Alqueva num alguidar caseiro. Desta forma, com o avançar das horas, estes locais transformam-se na maior atracção dos futuros espectadores que aproveitam para beber cerveja com álcool, visto que no interior do estádio tal não é possível.
Derivado dessa proibição, o pessoal aproveita para se embebedar de uma forma mais permanente no exterior (de modo a durar até ao fim do jogo, contando com o tempo de saída do estádio e deslocação até às barracas), pelo que os 100 metros que separam as roullotes da Catedral transformam-se numa experiência visual única para os seus frequentadores, visto que a emoção de visionar três estádios, ainda por cima sobrepostos, é marcante para qualquer benfiquista.


- Depois de devidamente abastecidos de febras e entremeadas e alguns litros de Super-bock, o pessoal avança em direcção ao estádio (aqueles que ainda vêem o caminho amparam os restantes), entrando no mesmo com um sentimento único de admiração pelo espaço, emoção pelo aproximar da hora de início do jogo e necessidade de encontrar o mais depressa possível a casa de banho mais próxima



- Comodamente instalados nas suas cadeiras, os benfiquistas aproveitam para tirar fotos ao estádio, comentar os acontecimentos desportivos com o vizinho do lado e procurar a casa de banho mais próxima, porque durante o jogo, nem que a bexiga expluda, não arredam pé do seu local.

- Quando entra a claque do Porto um coro de assobios invade o estádio, situação que só é suplantada pela entrada da equipa de futebol dos dragões para o aquecimento e, nomeadamente, da equipa de arbitragem. Derivado da proibição de relatar as imprecações contra o pessoal do Norte, posso dizer que os assobios são acompanhados por ligeiros elogios às mães dos rapazes da invicta, decorações festivas às suas faces através da utilização do órgão sexual e pedidos ao pessoal do Porto que realize penetrações pelo traseiro com objectos afiados (entre outras pérolas).

- Quando o jogo começar, irá reparar que uma boa parte do pessoal fala da equipa do Benfica recorrendo a certos lugares comuns, e que vou tentar explanar, dividindo-a por sectores de jogo:
Assobiar o Moretto, ignorar o Quim e apludir loucamente o Moreira, nem que ele esteja lá para apanhar bolas.
O Luisão, David Luís e o Leo são intocáveis (diria que quase deuses), nem que façam porcaria o jogo todo, enquanto que o Nelson irá ter sempre a desculpa de que está a “crescer como jogador” nem que tenha 40 anos.
O Petit deve ser sempre encorajado a partir os perónios e os metatarsos dos adversários, o Katsouranis é uma “grande aquisição, sacana do grego é mesmo bom” e o Karagounis um “ganda maluco”.
O Nuno Gomes é uma “menina” ou “Amélia”, marque ou não 5 golos e o Miccolli é “o maior” mesmo que meça 1,50 e esteja no campo a snifar as linhas de jogo.
O Simão, bem, em relação ao Simão só pergunto: mas alguém questiona Deus??

- Uma característica comum a todo o estádio é que, se o Benfica não fizer uma exibição perfeita (para quem não sabe, tal significa que o glorioso marcou mais 15 golos do que o adversário) é a ocorrência de críticas abundantes em relação aos jogadores. Por exemplo:
“Este gajo, não presta para nada!! Só querem é ganhar dinheiro e não correm; que vergonha, até um puto dos juniores faria melhor; Ó Fernando Santos, tira é esse gajo do campo; Ganda Amélia que tu me saíste!!; Vai chutar assim para a Meretriz que te deu à luz (mais uma vez a impossibilidade de escrever injúrias), etc.”
No entanto, o(s) mesmo(s) jogadore(s) alvos de este tipo de atenções transformam-se em deuses do Olimpo caso contribuam para um golo e/ou vitória do Benfica:
“És o maior pá!!; Sempre acreditei em ti; vê-se logo que és benfiquista desde pequenino!!”

- Depois do jogo, existem duas situações possíveis: Ou o Benfica ganha e a malta vai comemorar para as barracas e beber até cair; ou o Benfica perde e a malta vai chorar para as barracas e beber até cair. Em caso de empate o melhor mesmo é ir até às barracas para beber até cair.

- Quando esgotar a cerveja ou fecharem as barracas (o que acontecer primeiro), o pessoal começa a ir para casa, deslocando-se para os seus automóveis estacionados em 15ª fila ou recorrendo aos transportes públicos disponibilizados (caso consigam dar com eles).

- O pessoal que chegou de autocarro desloca-se até ao mesmo, aproveitando para comer mais uns enchidos e engolir alguns litros de vinho tinto dos garrafões de puro palheto que deixaram aconchegados nos seus lugares. É de referir que o motorista tem cuidados especiais em utilizar uma máscara de protecção para evitar embebedar-se com o cheiro que paira no ar e que o nível de gases que se acumula nestas viagens faz com que seja proibido acender isqueiros ou outras formas de combustão.

- Por volta da meia noite o estádio está calmo e tranquilo, à excepção de alguns chefes de família que confundem o Media Market com a estação do Metro e outros que tentam desesperadamente saber se as bocas de incêndio transportam cerveja nas suas canalizações.

Desta forma, espero que este texto contribua para um melhor esclarecimento sobre a realidade desportiva nacional e………………….. VIVA O BENFICA!!!!

3 comentários:

Sem disse...

Genial! LOL

André disse...

Fogo meu! Não podes fazer uns textos mais pequenos???

OBELIX disse...

Fogo... logo agora tinha de te dizer que tu a escreveres , como quem, subjuga a moral à periferia inogmática das acções beligerantyes de modo a atingir o topo hermeneutico do quadrado semi optico em que nos encontramos