sexta-feira, março 23, 2007

O derradeiro combate

Tenho uma perspectiva absolutamente pacifista da vida.

Nunca bati em ninguém, sempre utilizei a argumentação lógica e racional para resolver conflitos (mesmo quando do outro lado estavam autênticos cérebros de amebas) e, apesar de ser um tipo bastante nervoso em certas situações, sempre consegui desviar a minha fúria para pequenos aparelhos atirados contra a parede (a Nokia e a Motorola já lucraram muito comigo).

Os conflitos bélicos, que eclodem frequentemente um pouco por todo o planeta, são realidades que tento compreender e contextualizar como fenómeno político-económico-social, que têm normalmente causas profundas e consequências dilatadas no tempo.

O que não consigo compreender, em tempo algum, é o que leva alguém arriscar-se a ir para o campo de batalha, com risco da própria vida e com as consequência inerentes para todos os que lhe são queridos, tendo como pano de fundo a defesa de uma entidade tão etérea como a pátria. Em nome da pátria arriscam a vida, a mesma vida que possivelmente muitos deles não arriscariam por um filho, pai, irmão ou amigo.

Reconheço que não partilho o conceito de pátria, tal como é normalmente entendido. Gosto de Portugal, tal como tenho a certeza que gostaria de qualquer outro país onde tivesse nascido e, principalmente, crescido. Não considero os portugueses menos capazes, mas simplesmente o produto de séculos de usufruto dos bens e braços alheios (desde 1415 até ao 25 de Abril de 1974) sem qualquer tendência produtiva.

Interessam-me sim as pessoas. O seu direito a ver a vida preservada, os seus filhos criados decentemente, a sua velhice mantida com dignidade, os seus sentimentos respeitados, sempre com o ideal da liberdade como pano de fundo. Com a certeza que uma pátria que se baseia nestes pressupostos é mais justa, fraterna e decente. Entre uma pessoa e uma pátria não duvido na escolha: O Ser Humano.

Existe uma única perspectiva que me levaria a considerar a participação num conflito, independentemente das suas motivações económico-políticas: A liberdade.

Porque onde existe falta de liberdade existe tudo o resto que é típico de estados totalitários, como a falta de respeito pelos direitos humanos, o desnível absurdo entre classes sociais, a miséria, a perseguição política, social e étnica, entre outras características.

Mas quando falo de conflitos não me refiro a guerras de pseudo-libertações, como muitas delas o são, até porque normalmente os combates pela liberdade travam-se no interior das nações.

Falo sim de um combate pessoal travado em nome de um ideal.

Adoro a liberdade e tenho por ela um respeito enorme, absoluto. O acto de alguém discordar de mim é mais importante do que o contrário, porque só em liberdade tal é possível. A liberdade permite-nos dizer mal dela e não o contrário.

A liberdade permite-nos viver.

1 comentário:

Sem disse...

A liberdade é, sem sombra de dúvida, a maior das conquistas humanas! Pobres daqueles que não sabem o que isso é (infelizmente ainda são bastantes por esse mundo fora!).

Beijo